Gepotidacina: o novo antibiótico oral contra a gonorreia resistente

A gonorreia, uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns no mundo, tornou-se um desafio crescente para os profissionais de saúde. Isso acontece porque a bactéria Neisseria gonorrhoeae vem desenvolvendo resistência aos antibióticos tradicionais, como a ceftriaxona e a azitromicina. Diante desse cenário preocupante, a ciência deu um passo importante: a aprovação da gepotidacina, o primeiro antibiótico oral para gonorreia em mais de 30 anos.

Neste artigo, explico o que é a gepotidacina, como ela funciona, qual sua eficácia e o que essa novidade representa na prática clínica.

O que é a gonorreia resistente?

A gonorreia é uma infecção causada por uma bactéria que pode afetar genitais, reto e garganta. Quando o tratamento não ocorre adequadamente, essa infecção pode causar complicações graves, como infertilidade, dor pélvica crônica e aumento no risco de transmissão do HIV.

O maior problema atual é o crescimento de cepas resistentes aos antibióticos convencionais. A combinação entre ceftriaxona (injeção) e azitromicina (via oral), que por anos foi considerada eficaz, começa a falhar em diversos casos. Alguns países já identificaram cepas multirresistentes, o que levou à adoção do termo “supergonorreia”.

Como a gepotidacina atua?

A gepotidacina é um antibiótico inovador da classe das triazaacenas. Diferente dos medicamentos tradicionais, ela atua inibindo a replicação do DNA da bactéria por um mecanismo único. Por isso, ela consegue combater até mesmo cepas que não respondem mais aos tratamentos padrão.

O regime de tratamento aprovado é simples: o paciente toma dois comprimidos de 3000 mg com intervalo de 10 a 12 horas. Os estudos clínicos mostraram uma eficácia média de 92% nos casos de gonorreia urogenital, inclusive nas variantes resistentes.

Além da eficácia, a administração por via oral representa uma vantagem prática para muitos pacientes, especialmente aqueles que evitam medicamentos injetáveis.

Já está disponível no Brasil?

Ainda não. Embora a gepotidacina já tenha sido aprovada nos Estados Unidos e em países da Europa, ela ainda não está disponível no Brasil. No entanto, a expectativa é que o medicamento avance nos processos regulatórios e, em algum momento, possa integrar os protocolos nacionais.

Enquanto isso, os médicos seguem utilizando as abordagens atuais, sempre com atenção aos sinais de resistência bacteriana.

A importância da prevenção continua

Mesmo com os avanços no tratamento, a prevenção permanece como o pilar mais importante no controle das ISTs. Ou seja, o uso correto de preservativos, doxipep, vacinação, a testagem regular e o acompanhamento com infectologistas são atitudes indispensáveis.

Os antibióticos são essenciais, mas seu uso incorreto acelera o surgimento de resistências. Por isso, é fundamental manter a consciência coletiva e individual sobre o uso responsável desses medicamentos.

Perguntas frequentes

A gepotidacina é mais eficaz do que a ceftriaxona?
Sim, em alguns casos. Estudos demonstraram que ela pode ser tão eficaz quanto, especialmente em infecções causadas por cepas resistentes. Mesmo assim, no Brasil, ela ainda não substitui o protocolo atual.

É possível importar a gepotidacina por conta própria?
Não é recomendado. Todo antibiótico deve ser prescrito por um profissional habilitado. Além disso, o uso fora de indicação pode agravar o quadro ou contribuir para novas resistências.

Quais complicações a gonorreia pode causar?
Se não for tratada, pode levar à infertilidade, inflamações pélvicas, dor crônica e até infecções sistêmicas. Ela também facilita a transmissão do HIV.

Conclusão

A aprovação da gepotidacina representa um avanço promissor no combate à gonorreia resistente. Ainda assim, a prevenção e a orientação médica seguem como prioridades. Mesmo diante de novos medicamentos, não podemos abrir mão das boas práticas de saúde sexual.

Se você apresenta sintomas, teve contato de risco ou deseja orientação sobre ISTs, agende uma consulta. Atendimentos presenciais e por telemedicina são realizados com total sigilo e cuidado.

Dr. Cesar Barros – Médico Infectologista

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