Biktarvy no SUS: Nova Esperança no Tratamento do HIV no Brasil

Biktarvy no SUS

Biktarvy no SUS, uma notícia muito esperada pela comunidade médica e por pessoas vivendo com HIV chegou em outubro de 2025: a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) aprovou por unanimidade a incorporação do Biktarvy (bictegravir/emtricitabina/tenofovir alafenamida) ao Sistema Único de Saúde. Esta decisão representa um marco importante no tratamento do HIV no Brasil. Além disso, traz esperança de melhor qualidade de vida para milhares de pacientes. Neste artigo, vou explicar o que é o Biktarvy, como ele funciona, suas vantagens e o que esperar desta incorporação ao SUS.

O Que é o Biktarvy?

O Biktarvy é um medicamento antirretroviral de dose fixa combinada. Em outras palavras, é um comprimido único que contém três medicamentos diferentes em sua composição. Portanto, o paciente toma apenas um comprimido por dia, o que simplifica significativamente o tratamento.

A composição do Biktarvy inclui:

  • Bictegravir (50 mg): um inibidor da integrase de nova geração
  • Emtricitabina (200 mg): um inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo
  • Tenofovir alafenamida ou TAF (25 mg): também um inibidor da transcriptase reversa, mas com perfil de segurança melhorado

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Como o Biktarvy Funciona Contra o HIV?

Para entender como o Biktarvy atua, precisamos primeiro compreender como o HIV se multiplica. Quando o vírus infecta uma célula, ele precisa usar enzimas específicas para se replicar. Consequentemente, o Biktarvy ataca o vírus em duas frentes diferentes, bloqueando essas enzimas.

Mecanismo de Ação do Bictegravir

O bictegravir é um inibidor da integrase. Portanto, ele bloqueia uma enzima chamada integrase, que o vírus HIV usa para inserir seu material genético no DNA da célula humana. Dessa forma, sem conseguir integrar seu código genético, o vírus não consegue se multiplicar.

Ação da Emtricitabina e do Tenofovir Alafenamida

Já a emtricitabina e o tenofovir alafenamida são inibidores da transcriptase reversa. Em outras palavras, eles bloqueiam outra enzima fundamental para a replicação viral. Assim sendo, ao inibir a transcriptase reversa, esses medicamentos impedem que o vírus converta seu RNA em DNA, etapa essencial para sua multiplicação.

Por atacar o HIV em dois pontos diferentes do seu ciclo de replicação, o Biktarvy demonstra alta eficácia. Além disso, reduz rapidamente a carga viral no sangue dos pacientes.

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Vantagens do Biktarvy em Relação a Outros Tratamentos

O Biktarvy traz diversas vantagens importantes quando comparado aos esquemas terapêuticos tradicionais disponíveis no SUS. Portanto, vamos analisar cada uma delas:

Simplificação do Tratamento

Em primeiro lugar, a maior vantagem é a posologia simplificada. Com apenas um comprimido por dia, tomado com ou sem alimentos, a adesão ao tratamento torna-se muito mais fácil. Consequentemente, isso é fundamental porque a adesão adequada é o principal fator para o sucesso da terapia antirretroviral.

Perfil de Segurança Superior

O componente TAF (tenofovir alafenamida) representa um avanço significativo. Diferentemente do TDF (tenofovir disoproxila fumarato), usado nos esquemas atuais do SUS, o TAF se concentra mais dentro das células. Portanto, precisamos de uma dose menor para obter o mesmo efeito terapêutico.

Essa característica se traduz em benefícios importantes:

  • Menor toxicidade renal: estudos demonstram que o TAF causa menos danos aos rins em longo prazo
  • Melhor saúde óssea: redução significativa no risco de perda de densidade óssea
  • Menos efeitos colaterais gastrointestinais: melhor tolerabilidade geral

Alta Barreira Genética

Além disso, o bictegravir possui alta barreira genética à resistência. Em outras palavras, é mais difícil para o vírus desenvolver mutações que tornem o medicamento ineficaz. Assim sendo, isso aumenta a durabilidade do tratamento.

Eficácia Comprovada

Estudos clínicos demonstraram que o Biktarvy é altamente eficaz. Consequentemente, a maioria dos pacientes alcança carga viral indetectável (menos de 50 cópias/mL) em poucas semanas de tratamento. Ademais, essa eficácia se mantém ao longo do tempo.

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Para Quem o Biktarvy Será Indicado no SUS?

Segundo as informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, o Biktarvy será especialmente indicado para grupos específicos de pacientes. Portanto, vamos entender cada indicação:

1. Pacientes Iniciando o Tratamento

Em primeiro lugar, o Biktarvy poderá ser usado como primeira linha de tratamento. Ou seja, para pessoas recém-diagnosticadas com HIV que nunca fizeram tratamento antirretroviral. Dessa forma, esses pacientes já iniciarão com um esquema moderno e eficaz.

2. Pacientes com Toxicidade Renal ou Óssea

Muitos pacientes em uso de esquemas contendo TDF desenvolvem problemas renais ou ósseos ao longo do tempo. Portanto, o Biktarvy representa uma alternativa mais segura para essas pessoas. Além disso, pode prevenir o agravamento dessas condições.

3. Coinfecção HIV/Hepatite B

Para pacientes que têm simultaneamente HIV e hepatite B, as opções de tratamento são mais limitadas. Nesse sentido, a terapia dupla (sem tenofovir) não é recomendada, pois o tenofovir também trata a hepatite B. Consequentemente, o Biktarvy, que contém TAF, se torna uma opção importante para esses casos.

4. Falha Virológica

Pacientes que estão em tratamento com dolutegravir mas apresentaram falha virológica (ou seja, a carga viral voltou a subir) também poderão se beneficiar. Assim sendo, o Biktarvy oferece uma segunda chance de sucesso no controle do HIV.

5. Doença Renal Crônica

Pacientes com doença renal crônica que precisam de tratamento para HIV enfrentam grandes desafios. Afinal, muitos antirretrovirais têm toxicidade renal. Portanto, o Biktarvy, com seu melhor perfil de segurança renal, é especialmente valioso para esse grupo.

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O Processo de Incorporação ao SUS

A aprovação do Biktarvy no SUS pela CONITEC em 2 de outubro de 2025 foi unânime. Segundo Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs do Ministério da Saúde, o processo de aquisição já foi iniciado. Portanto, a expectativa é que o medicamento esteja disponível na rede pública até meados de 2026, ou possivelmente antes.

Etapas do Processo

De acordo com as normas da CONITEC, após a aprovação, o Ministério da Saúde tem até 180 dias para disponibilizar a nova tecnologia no SUS. Consequentemente, as etapas incluem:

  1. Negociação de preços: o Ministério da Saúde negocia valores com o laboratório fabricante
  2. Licitação: processo de compra pública do medicamento
  3. Distribuição: logística para que o Biktarvy no SUS chegue aos serviços de saúde
  4. Atualização de protocolos: revisão das diretrizes de tratamento do HIV

Portanto, é fundamental que pacientes e profissionais de saúde acompanhem as atualizações oficiais do Ministério da Saúde.

Efeitos Colaterais do Biktarvy

Como qualquer medicamento, o Biktarvy pode causar efeitos colaterais. No entanto, é importante ressaltar que a maioria dos pacientes tolera bem este medicamento. Além disso, os efeitos adversos geralmente são leves.

Os efeitos colaterais mais comuns incluem:

  • Diarreia (ocorre em aproximadamente 6% dos pacientes)
  • Náusea (cerca de 6% dos casos)
  • Cefaleia ou dor de cabeça (aproximadamente 5%)
  • Fadiga
  • Tontura

Em contraste, efeitos colaterais graves são raros. Portanto, a maioria dos pacientes pode usar o Biktarvy NO SUS com segurança. No entanto, é fundamental o acompanhamento médico regular para monitorar a resposta ao tratamento e identificar precocemente qualquer problema.

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Contraindicações e Precauções

O Biktarvy não é adequado para todas as pessoas. Portanto, existem algumas contraindicações e situações que exigem cuidado especial:

Contraindicações

  • Alergia a qualquer componente da fórmula
  • Uso concomitante com certos medicamentos (rifampicina, carbamazepina, fenobarbital, entre outros)
  • Insuficiência renal grave (depuração de creatinina menor que 30 mL/min)

Situações Que Exigem Atenção

  • Gravidez: embora possa ser usado, requer monitoramento mais frequente da carga viral
  • Hepatite B: ao interromper o Biktarvy, pode ocorrer reativação da hepatite B
  • Doença hepática grave: necessita avaliação cuidadosa do médico
  • Osteoporose: pacientes com problemas ósseos prévios devem ser monitorados

Por essa razão, a avaliação médica individualizada é essencial antes de iniciar o Biktarvy.

O Impacto do Biktarvy na Qualidade de Vida

Estudos internacionais demonstram que o Biktarvy melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Dessa forma, diversos aspectos contribuem para esse benefício:

Menos Comprimidos, Mais Liberdade

Tomar apenas um comprimido por dia, em vez de múltiplos medicamentos, proporciona maior autonomia. Consequentemente, os pacientes relatam menos preocupação com horários e menos constrangimento social. Além disso, facilita viagens e a rotina diária.

Menos Visitas ao Médico

Com um tratamento bem tolerado e menos efeitos colaterais, a necessidade de consultas por problemas relacionados ao medicamento diminui. Portanto, isso representa economia de tempo e recursos para os pacientes.

Manutenção da Função Renal e Óssea

A preservação da saúde renal e óssea a longo prazo é fundamental. Afinal, permite que os pacientes mantenham sua independência e qualidade de vida à medida que envelhecem.

Bem-Estar Psicológico

Saber que estão usando um dos tratamentos mais modernos e eficazes disponíveis traz tranquilidade. Assim sendo, reduz a ansiedade relacionada à eficácia do tratamento.

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Comparação com os Tratamentos Atuais do SUS

Atualmente, o esquema preferencial de primeira linha no SUS combina dolutegravir + tenofovir (TDF) + lamivudina. Embora eficaz, esse esquema apresenta algumas limitações quando comparado ao Biktarvy:

Número de Comprimidos

Esquema atual: geralmente requer dois comprimidos por dia Biktarvy: apenas um comprimido por dia

Toxicidade Renal

TDF (esquema atual): maior risco de toxicidade renal em longo prazo TAF (no Biktarvy): significativamente mais seguro para os rins

Saúde Óssea

TDF: associado a maior perda de densidade mineral óssea TAF: menor impacto negativo nos ossos

Interações Medicamentosas

Dolutegravir: algumas interações importantes com suplementos e antiácidos Bictegravir: perfil de interações medicamentosas favorável

Portanto, o Biktarvy representa uma evolução importante no arsenal terapêutico disponível no Brasil.

Perguntas Frequentes Sobre o Biktarvy

1. Quando estará disponível O Biktarvy no SUS? A previsão é de que o medicamento esteja disponível até meados de 2026. No entanto, o Ministério da Saúde trabalha para que isso ocorra o mais breve possível.

2. Quem poderá receber o Biktarvy pelo SUS? Inicialmente, pacientes com toxicidade renal ou óssea, coinfecção HIV/hepatite B, falha virológica e aqueles iniciando tratamento conforme os novos protocolos.

3. Posso mudar meu tratamento atual para Biktarvy? Essa decisão deve ser tomada em conjunto com seu médico infectologista. Nem todos os casos se beneficiarão da troca. Portanto, é necessária avaliação individualizada.

4. O Biktarvy cura o HIV? Não. O Biktarvy é um tratamento antirretroviral que controla o vírus, mantendo a carga viral indetectável. Mas não elimina completamente o HIV do organismo.

5. Preciso tomar o Biktarvy em jejum? Não. Uma das vantagens do Biktarvy é que pode ser tomado com ou sem alimentos, proporcionando maior flexibilidade.

6. O Biktarvy tem interação com álcool? O Biktarvy não tem interação direta com álcool. No entanto, o consumo excessivo de álcool não é recomendado, pois pode afetar a adesão ao tratamento e a função hepática.

A Importância da Adesão ao Tratamento

Independentemente do medicamento usado, a adesão ao tratamento é fundamental. Portanto, tomar o medicamento todos os dias, no horário correto, é essencial para:

  • Manter a carga viral indetectável
  • Prevenir o desenvolvimento de resistência viral
  • Proteger o sistema imunológico
  • Prevenir a transmissão do HIV para outras pessoas

O Biktarvy, por sua simplicidade (um comprimido, uma vez ao dia), facilita muito a adesão. No entanto, mesmo assim, o comprometimento do paciente continua sendo crucial.

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O Futuro do Tratamento do HIV no Brasil

A incorporação do Biktarvy ao SUS representa um passo importante na modernização do tratamento do HIV no Brasil. Além disso, demonstra o compromisso do sistema público de saúde em oferecer terapias de ponta.

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, essa é apenas uma das várias inovações esperadas para os próximos anos. Consequentemente, outras tecnologias, como injetáveis de longa duração, também estão em avaliação.

Portanto, o futuro é promissor para pessoas vivendo com HIV no Brasil. Com tratamentos cada vez mais eficazes, seguros e convenientes, a qualidade de vida desses pacientes tende a melhorar continuamente.

Considerações Finais

O Biktarvy representa um avanço significativo no tratamento do HIV. Sua aprovação pela CONITEC e futura disponibilização no SUS trazem esperança para milhares de brasileiros vivendo com HIV. Além disso, demonstra que o Brasil está acompanhando os avanços científicos internacionais.

No entanto, é importante lembrar que cada paciente é único. Portanto, a escolha do melhor esquema terapêutico deve sempre ser individualizada, levando em consideração o histórico médico, outras condições de saúde, medicamentos em uso e preferências pessoais.

Como médico infectologista, fico extremamente satisfeito com essa incorporação. Afinal, ter mais opções terapêuticas significa poder oferecer tratamentos mais adequados para cada paciente. Consequentemente, isso se traduz em melhor controle da infecção, menos efeitos colaterais e melhor qualidade de vida.

Se você é uma pessoa vivendo com HIV, converse com seu infectologista sobre o Biktarvy. Juntos, vocês poderão avaliar se este medicamento pode beneficiar seu tratamento específico.

Dr. Cesar Barros Médico Infectologista – CRM/SP 138.594 Especialista pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas

Para agendar uma consulta ou tirar dúvidas sobre o tratamento do HIV, entre em contato através do nosso site.

Fontes consultadas:

Glossário de Termos

Antirretroviral: medicamento usado para tratar infecções por retrovírus, como o HIV

Carga viral: quantidade de vírus presente no sangue

Indetectável: quando a carga viral está abaixo do limite de detecção dos exames (geralmente menos de 50 cópias/mL)

Inibidor da integrase: tipo de medicamento que bloqueia a enzima integrase do HIV

Inibidor da transcriptase reversa: medicamento que bloqueia a enzima transcriptase reversa do HIV

TAF: tenofovir alafenamida, forma mais moderna e segura do tenofovir

TDF: tenofovir disoproxila fumarato, forma mais antiga do tenofovir

Falha virológica: quando o tratamento não consegue mais manter a carga viral indetectável

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